terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

A Promessa do Gestor

Entendemos que o discurso dos filósofos tem como propósito atingir a verdade através do diálogo, ele é dirigido à razão e não à emoção, condição esta para que a verdade seja comunicada (Freixo, 2011: 51). Neste sentido filosófico, o discurso se apresenta como verdade, pois comunica algo que já existe de fato. Sendo assim, a linguagem não é simplesmente um instrumento de informação, mas uma realizadora de determinados atos (Austin,1990), pois a palavra quando enunciada é tomada como verdade ativa, como diz o ditado popular: nossa palavra é nosso penhor. Portanto, se o gestor de uma organização diz: “Prometo que no próximo mês você receberá um bônus pelos resultados deste mês”, isto quer dizer que ele não está simplesmente enunciando que promete dar-lhe este valor e sim está fazendo uma promessa, a realizar o ato de prometer. Dizer este enunciado, nas circunstâncias adequadas, equivale a realizar a promessa de dar de fato o bônus. A partir deste enunciado é criada uma nova relação entre o gestor e o subordinado, uma relação contratual, ficando o gestor obrigado de alguma maneira para com o subordinado a cumprir a promessa, isto é, a realizar no futuro aquilo que enunciou (prometeu). Não se pode fazer um discurso quando não há garantia de cumprimento do que está se prometendo, pois quando uma palavra é dada, acredita-se também naquele que pronuncia esta palavra, “…confiança numa palavra que é dita, figura a confiança que se deposita em alguém…” (Martins, 2002: 105). É preciso medir o alcance das nossas palavras, elas não são jogadas ao vento, é preciso considerar o quanto elas são significativas para quem as ouve. Jamais devemos prometer o que não podemos cumprir! É melhor o bom exemplo dado por uma atitude positiva do que palavras de um discurso bonito e muitas vezes vazio, como afirma Ricoeur (1988) “as ações de um homem são a verdadeira medida das suas palavras”. É fundamental, portanto, desenvolver novos padrões de comportamentos no que se refere ao discurso dos gestores, que vão desde uma comunicação clara, verdadeira e transparente, baseada no diálogo, até o exemplo e a coerência entre seu discurso e prática.

Cibelli Pinheiro

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